Hiperplasia Benigna da Próstata | Área HBP

Foi-me diagnosticada Hiperplasia Benigna da Próstata. Terei de tomar medicamentos para o resto da vida?

A hiperplasia benigna da próstata (HBP) é uma doença muito frequente nos homens, à medida que a idade vai avançando. É caracterizada pelo aumento progressivo do número de células da próstata e, em consequência deste processo, um também progressivo aumento do volume, do tamanho da próstata. Este orgão é uma glândula que se localiza abaixo da bexiga e que é responsável pela produção de parte do esperma. 

À medida que a próstata aumenta de dimensão, pode comprimir a uretra, que passa a ter um calibre menor e, por isso, obstruir o fluxo urinário, dificultar o jacto. Essa obstrução pode causar uma série de sintomas desconfortáveis, como dificuldade para urinar, jacto urinário fraco, necessidade de urinar mais frequentemente, de dia e de noite, urgência para urinar e sensação de não esvaziar completamente a bexiga.

Muitas pessoas diagnosticadas com HBP questionam-se acerca da necessidade de tomar medicamentos para o resto da vida ou se existem alternativas para controlar a doença e os seus sintomas. A resposta a esta pergunta não é simples nem linear, uma vez que essa necessidade depende de diversos factores, incluindo a gravidade dos sintomas, a saúde e bem-estar geral do homem e a abordagem recomendada pelo médico assistente. 

Abordam-se de seguida as diferentes opções de tratamento para a HBP, as suas vantagens e desvantagens, os cuidados a ter com o uso prolongado de medicamentos, a possibilidade de alterar ou suspender a medicação ou de, eventualmente, ser necessário adoptar outras medidas ou técnicas de tratamento.

Medicamentos para Hiperplasia Benigna da Próstata

Tratamento da HBP 

 

1. Medicamentos para Hiperplasia Benigna da Próstata

O tratamento com medicamentos é uma das abordagens mais comuns para controlar os sintomas da HBP, especialmente em casos ligeiros e moderados desta doença. Os medicamentos são geralmente eficazes para diminuir as queixas urinárias e, em muitos casos, podem atrasar a progressão da doença e/ou aliviar os sintomas de modo a evitar a cirurgia.

Existem vários tipos de medicamentos para tratar a HBP. Os principais grupos de fármacos usados para tratar esta doença são os seguintes:

  • Inibidores da 5-alfa-redutase (ARIs)
    Os medicamentos deste grupo são finasteride e dutasteride, medicamentos que podem reduzir o tamanho da próstata ao inibir a conversão da testosterona (uma hormona do grupo dos “androgénios”, as hormonas “masculinas”) em dihidrotestosterona (DHT) - uma hormona que contribui para o crescimento prostático. O efeito destes medicamentos pode demorar algum tempo a fazer-se sentir, por vezes até meses, mas são eficazes a longo prazo e podem reduzir a necessidade de intervenção cirúrgica. A principal vantagem é a possibilidade de reduzir a próstata, de forma não invasiva. No entanto, têm desvantagens (além do tempo necessário para que surjam efeitos positivos); o problema principal são os potenciais efeitos colaterais, sobretudo do foro sexual, como a disfunção eréctil.
     
  • Bloqueadores alfa-adrenérgicos
    Estes medicamentos são conhecidos como alfa-bloqueantes e incluem fármacos como a silodosina, a tansulosina, a alfuzosina e a doxazosina. Actuam através do relaxamento dos músculos da próstata e da bexiga, facilitando a micção e melhorando o jacto urinário. São eficazes a reduzir as queixas causadas pela HBP, diminuindo a frequência urinária, o número de micções durante a noite, a sensação de urgência e os restantes sintomas urinárias de forma rápida, geralmente em alguns dias ou poucas semanas. São geralmente bem tolerados, mas podem ter efeitos colaterais como tonturas e palpitações, baixa da pressão arterial baixa e alterações na ejaculação, como redução da quantidade de esperma.
     
  • Inibidores da fosfodiesterase-5
    Os medicamentos desta classe, como o tadalafil, foram desenvolvidos e utilizados inicial e principalmente para tratar a disfunção eréctil; percebeu-se mais tarde que também aliviam os sintomas urinários da HBP, quando tomados diariamente em doses mais baixas. Embora não sejam usados como primeira linha de tratamento, podem ser uma boa opção para doentes que sofrem de disfunção eréctil e também de HBP, para serem utilizados em associação com outros medicamentos ou para aqueles que não respondem bem a outros tratamentos.
     
  • Outros medicamentos
    Existem medicamentos de diversos outros grupos que, em várias circunstâncias, podem ser úteis no tratamento complementar aos fármacos acima referidos; medicamentos como os “anti-muscarínicos” (solifenacina, darifenacina, tróspio, tolterodina, oxibutinina), o agonista beta-adrenérgico mirabegron ou a desmopressina são utilizados em doentes com queixas específicas, isolados ou, geralmente, em associação com outros.

 

Uso a Longo Prazo de Medicamentos

Não há uma regra em relação à necessidade de manter o tratamento da HBP para o resto da vida. Ou seja, não há uma resposta única; uns doentes necessitarão de manter o tratamento durante anos e anos, eventualmente durante toda a sua vida; outros poderão, se as queixas estiverem muito bem controladas e não perturbarem o estado geral e a qualidade de vida, eventualmente interromper a medicação, pelo menos durante algum tempo. 

Para muitos pacientes com sintomas leves a moderados de HBP, a medicação pode ser eficaz durante anos, com o acompanhamento médico adequado.

Isso não significa, no entanto, que o tratamento será necessariamente permanente. Dependendo da evolução da condição, das mudanças no estilo de vida, da resposta ao tratamento, o médico pode ajustar a abordagem terapêutica, alterar as doses dos medicamentos, ou associar mais do que um medicamento. Em alguns casos, pode mesmo suspender-se a medicação.

Em alguns casos porém, uma interrupção do tratamento pode levar à recidiva das queixas dos doentes e mesmo a pioria da doença. Nos casos de uso de inibidores da 5-alfa-redutase, por exemplo, a suspensão pode resultar no crescimento da próstata e no agravamento dos sintomas. Por isso, é essencial seguir rigorosamente as orientações médicas.

Em alguns casos, mesmo a tomar correctamente os medicamentos, as queixas não melhoram. Em alguns casos, melhoram apenas ligeira ou transitoriamente. Ou seja, a melhoria das queixas não é significativa ou, após uma melhoria inicial, a intensidade das mesmas aumenta novamente.

 

Alternativas à medicação: Técnicas minimamente invasivas e Cirurgia

Nem todos os homens com HBP precisam de tomar de medicamentos a longo prazo; alguns melhoram o suficiente para se poder suspender a medicação. Nalguns casos, os sintomas tornam-se mais graves, deixando os medicamentos de ser eficazes; noutros, os medicamentos apresentam efeitos colaterais significativos, implicando a interrupção da sua toma. Nestas situações, o médico urologista pode sugerir opções de tratamento mais invasivas.

Cirurgia Minimante Invasiva

2. Cirurgia Minimante Invasiva

Nos últimos anos, diversas técnicas minimamente invasivas têm-se mostrado muito e cada vez mais eficazes no tratamento da HBP. Estas opções são menos invasivas do que as cirurgias clássicas, permitindo menor tempo de recuperação e menos complicações. Como exemplo destas técnicas, destacam-se

  • A enucleação ou a ablação por laser da próstata: O uso de laser para reduzir o tamanho da próstata é uma alternativa minimamente invasiva que pode aliviar os sintomas sem a necessidade de incisões (é feita por via trans-uretral). Este procedimento utiliza um feixe de laser para dissecar, para separar, a parte da próstata que está aumentada ou para vaporizar o excesso de tecido prostático. A recuperação tende a ser mais rápida do que com a cirurgia clássica de ressecção trans-uretral e o risco de complicações é geralmente menor;
     
  • Técnicas de Rezum e Aquablation, entre outras.
Cirurgia Convencional

3. Cirurgia Convencional (trans-uretral ou aberta - prostatectomia)

  • Ressecção transuretral da próstata (RTU-P)
    É um procedimento frequentemente realizado, em que a próstata é removida por via trans-uretral. Embora eficaz, a RTU-P implica um internamento habitualmente de 2-3 dias e um tempo de recuperação relativamente prolongado.
     
  • Prostatectomia
    Em casos mais graves de HBP, quando as alternativas menos invasivas não oferecem resultados satisfatórios e quando a próstata é volumosa, pode ser necessário realizar uma cirurgia chamada prostatectomia – classicamente por via aberta, actualmente realizada cada vez mais por via laparoscópica. A primeira é uma cirurgia mais invasiva e que exige um internamento e uma recuperação mais longa. Apesar disso, é eficaz a longo prazo e pode ser a melhor opção para casos muito graves.

Quando manter o tratamento a longo prazo

Embora a medicação para HBP possa ser eficaz a longo prazo, existem alguns casos em que a manutenção do tratamento se torna imprescindível:

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Controle de sintomas crónicos

Para muitos homens, os medicamentos ajudam a controlar queixas como a dificuldade para urinar, o jacto fraco, as micções nocturnas e a urgência urinária. Em casos de sintomas de HBP leves a moderados e quando os sintomas não causam grandes complicações, a medicação pode ser a melhor opção a longo prazo.

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Prevenção de complicações

A HBP não tratada pode levar a complicações graves, como retenção urinária (incapacidade de urinar, infecções do aparelho urinário, pedras na bexiga, sangue na urina ou mesmo insuficiência renal. O uso contínuo de medicação pode evitar que essas complicações se desenvolvam.

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Alteração do estilo de vida e vigilância regular

Mesmo com medicação, é importante que o paciente mantenha um acompanhamento regular com o médico. As alterações no estilo de vida, como a redução da ingestão de líquidos a partir do final da tarde e à noite, o controle do peso e o evitar de alguns alimentos, podem auxiliar no controle dos sintomas e reduzir a necessidade de intervenções agressivas.

O que acontece quando o tratamento é interrompido?

A interrupção do tratamento medicamentoso para HBP pode ter consequências negativas. Como os medicamentos geralmente funcionam para aliviar os sintomas e, em alguns casos, reduzir o tamanho da próstata, a sua suspensão pode levar a recidiva dos sintomas. O fluxo urinário pode piorar, a retenção urinária pode voltar a ocorrer e os sintomas podem intensificar-se. Em alguns casos, a recidiva das queixas pode ocorrer a muito curto prazo, noutros doentes as queixas podem voltar a surgir ou a agravar-se apenas após alguns dias, semanas ou meses.

Em pacientes que utilizam inibidores da 5-alfa-redutase, a interrupção pode implicar o retomar do crescimento da próstata, o que pode tornar necessária a intervenção cirúrgica no futuro.

 

Conclusão: a necessidade de medicação a longo prazo

A necessidade de tomar medicação a longo prazo para a HBP depende de muitos factores individuais. Para muitos doentes, a medicação é eficaz em controlar os sintomas durante anos. Noutros casos, poderão ser necessários tratamentos alternativos como as técnicas minimamente invasivas ou mesmo uma cirurgia convencional. É essencial discutir com o médico as opções mais adequadas à situação específica de cada pessoa, com base na gravidade dos sintomas e na saúde geral.

A medicação é uma ferramenta eficaz e essencial no tratamento da HBP. No entanto, a chave para o tratamento bem-sucedido da HBP envolve um acompanhamento contínuo e personalizado, que inclui também mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, cirurgia.

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